Carta ao meu Romeu

18:11



Querido Romeu, 

Decidi que a partir de hoje irei lhe chamar assim, afinal de contas, sempre amamos um belo romance dramático e clichê, que acabamos fazendo do nosso pequeno infinito algo assim, porém, sem aquela parte em que diz "e viveram felizes para sempre". Para falar a verdade, passei muitos dias me perguntando "onde foi parar o nosso final feliz?", mas ainda não encontrei a resposta certa. 

Você era a minha história de amor perfeita, era a minha calmaria, minha alegria, meu ponto de paz. Olhar para o seu sorriso me acalmava, ao ponto de querer olhar para ele mais uma vez toda manhã antes de sair da cama, enquanto ouvia seu audio com voz rouca ou lia as suas mensagens doces, porém, não tão doces, me desejando bom dia. 

Era incrível pois, não importava o quanto você estivesse mal humorado ou com sono, os seus bons dias sempre me causavam frio na barriga e eram o meu primeiro pensamento ao acordar.  Da mesma forma que quando você adormecia primeiro, pensava no que poderia fazer para que a sua manhã tivesse um pouco mais de amor, um pouco mais de doçura. E o que eu preparava? Cartas, doces cartas com todo o meu sentimento e carinho por você, para te fazer lembrar do quanto você me fazia bem e do quanto era bom te ter por perto. 

Você me fez entender o que Fernando Pessoa quis dizer ao falar que: "toda carta de amor é ridícula", e de fato, elas são tão cheias de breguices e aconchego que são vistas assim. Em uma sociedade onde os valores são distorcidos e pessoas são consideradas momentâneas, meramente descartáveis, como valorizar e decidir lutar por quem se ama? Como dizer o que sente sem medo de tanta rejeição e exposição? Como confiar em que, mesmo que tudo esteja no meio de uma tempestade, lutar não em nome do que se sente, do que foi construído, será sempre a melhor opção enquanto se há respeito? Ah Romeo, não tenho respostas para muitos desses questionamentos. 

Fato é de que a saudade é algo que não podemos controlar. E quando se desiste de uma relação, o que fazer com a bagagem que sobra? Com os sentimentos? As lembranças? Os sonhos? As frustrações? E toda uma vida planejada a dois.  Nós tínhamos tantos planos, tantos sonhos, tantas ilusões de que haveria um lindo futuro para nós. E onde foi parar a nossa história? 

Você que era a minha manhã de domingo, meu aconchego único mesmo no meio de tantas teimosias e pirraças, se tornou a minha maior saudade e o meu maior "e se?". E se tudo fosse diferente? Talvez eu ainda teria você aqui, para me perguntar como foi o meu dia, e eu te abraçar sem nunca mais querer partir. 

Por você Romeo, não sinto ódio. E vai por mim, eu tentei. Acho que odeio mais o fato de não conseguir te odiar, do que não conseguir deixar todo esse sentimento partir. Mas no fundo, bem no fundo do meu coração, quando fecho os olhos consigo pensar que estás a sorrir e isso me conforta. 

Espero que esteja bem!  Espero que esteja seguro! Espero que esteja feliz.

Como diria Hazel Grace: "obrigada pelo nosso pequeno infinito"


Com amor,

Sua Giulietta

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