Fernando Pessoa dizia que toda carta de amor é ridÃcula, mas eu prefiro dizer que toda carta de amor é um pequeno livro aberto, recheado de sentimentos que as vezes são claros, outras são obscuros, mas sempre são bregas e cheio de cafonices.
Quando se trata de amor, tudo o que é brega ou cafona tem se tornado cada vez mais raro, assim como as cartas. Me lembro de ouvir que houve um tempo em que se colecionava papéis de carta, que eram guardados com todo carinho e cuidado, para falar sobre sentimentos nos momentos especiais. Até perfume era usado para dar mais personalidade ao gesto de afeto, que muitas vezes era incompreendido por quem o recebia, em outros casos nem se quer era enviado, se tornando mais uma história de amor esquecida em uma gaveta, que se perderia no tempo.
Quantos amores foram perdidos por nunca terem sido compartilhados? Quantas belas histórias deixamos de conhecer? Quanto sentimentos reprimidos morreram, e estão morrendo dia após dia, dentro do sentir de cada um de nós? Parece que o amor se perdeu no tempo, na história, nas canções e poesias por ai.
Nem sempre precisamos de flores, nem sempre queremos uma surpresa vista por todos ao nosso redor, as vezes só precisamos de um abraço forte o suficiente para nos aconchegar, quente o suficiente para nos acalentar, amoroso o suficiente para dar segurança e trazer paz.
As vezes tudo o que queremos é uma declaração sincera, com sentimentos reais. Uma simples e singela carta de amor verbal, que se mantém em segredo entre duas pessoas, guardada apenas nas lembranças de um momento bom.
Amar deve ser isso, ser, viver, entender, doar-se, receber sem se perder. Amar não foi feito para acabar, mas para ressignificar.
ThaÃs Ferreira Santos | Escritos a Giulietta