A cor da minha pele não deveria contar para um julgamento, na verdade, a cor da minha pele não deveria, não deve e não pode ser motivo para nenhuma forma de diferença ou de discriminação, ela deve ser vista como algo natural, afinal sou tão humana quanto você, de pele branca.
O que me diferencia de você? A cor da pele, os traços? Talvez a força que foi necessária encontrar para crescer no mesmo mundo que você, sendo julgada por você. Quando criança, meu cabelo não era bonito, eu não deveria estar na escola particular, era deixada de lado todos os dias e durante as sextas-feiras, não podia brincar com as meninas, pois segundo elas, não era uma princesa, pois tinha cor de coco, ou era chamada de chocolate estragado derretido. Mas o que fazia delas princesas? O fato de serem brancas, de cabelo liso, algumas com olhos claros e eu negra. Repito, o que me diferencia de você? Tenho um coração, tenho sentimentos, e carrego no peito a dor e força de muitas histórias.
Quando chegou a fase dos vestibulares, tive que lidar com comentários como: "se passar é apenas porque negro tem cota", mas você pelo menos sabe o que é uma cota? Você entende a necessidade que um paÃs como o Brasil tem, de tentar, ainda que minimamente, diminuir os danos causados por anos de escravidão a nós, que descendemos de negros e Ãndios? Basta voltar o tempo usando a própria história, não é impossÃvel, você consegue. Enquanto brancos começavam a ser alfabetizados, negros lidavam com a escravidão, posteriormente, com a ausência de um destino certo, pós abolição, quanto tempo foi preciso para conseguirmos alcançar a educação? Muito tempo. Uma educação de qualidade? Talvez não tenhamos alcançado até os dias atuais, mas com isso, não me refiro apenas a negros ou descendentes indÃgenas.
Você branco, sabe o que é alguém te olhar com cara de nojo e se levantar do banco do ônibus, pois você se sentou próximo? A pessoa não levantou porque iria descer ou porque estava cansada de ficar sentada, sim porque você tem a pele diferente da dela. Não? Isso nunca te aconteceu? A mim sim, pois é, essa dor não compartilhamos. Sabe o que é entrar em uma loja de roupa de marca e sofrer deboche da vendedora, insinuar que você não teria como comprar? Pois é, eu sim.
Vivemos em uma sociedade preconceituosa, onde até mesmo os próprios negros são preconceituosos entre si. São preconceituosos com a sua cor, com os seus traços, com a sua história e até mesmo, com o feriado do dia vinte de novembro, o dia de consciência negra. Ouvimos eles dizerem, "não basta ser preto, temos que ter dia também", quando na verdade, a história não é esta e esse feriado, não é para te enaltecer.
Este dia foi feito para que nos lembremos de um homem, chamado Zumbi, Zumbi dos Palmares. Sabe por que? Porque ele foi capaz de fazer o que muitos não fizeram, ele lutou até a morte contra a escravidão. O dia vinte de novembro, é justamente o aniversário de sua morte. Esta pessoa representou luta, força e muita coragem. Ela merecidamente, merece ser lembrada, ainda mais por ter sido a imagem de algo especial, em um paÃs que hoje mais da metade da população é negra ou parda.
Somos alvos de muito preconceito, mas vemos os traços da cultura no povo brasileiro, incluindo o branco que é racista e o negro, que infelizmente, também a racista. Um dos exemplos mais fáceis de citar, são os alimentos, a dança e principalmente, a música. No entanto, o mesmo branco que come um acarajé ou feijoada, é aquele que apedreja alguém pela cor na rua, que faz escândalo em rede social e é contra os direitos humanos. É tanto discurso de ódio, que só consigo ver a ausência de amor ao próximo e principalmente, de respeito. Devemos estar preparados para a realidade do mundo lá fora, onde a democracia racial é linda, no papel, mas não existe de verdade. Precisamos preparar as próximas gerações e ensinar que, o respeito é a chave para qualquer coisa, mas que acima de tudo, precisamos ter coragem para enfrentar a vida, tendo orgulho por ser exatamente quem és e de quem são os seus pais.
O que me diferencia de você? A cor da pele, os traços? Talvez a força que foi necessária encontrar para crescer no mesmo mundo que você, sendo julgada por você. Quando criança, meu cabelo não era bonito, eu não deveria estar na escola particular, era deixada de lado todos os dias e durante as sextas-feiras, não podia brincar com as meninas, pois segundo elas, não era uma princesa, pois tinha cor de coco, ou era chamada de chocolate estragado derretido. Mas o que fazia delas princesas? O fato de serem brancas, de cabelo liso, algumas com olhos claros e eu negra. Repito, o que me diferencia de você? Tenho um coração, tenho sentimentos, e carrego no peito a dor e força de muitas histórias.
Quando chegou a fase dos vestibulares, tive que lidar com comentários como: "se passar é apenas porque negro tem cota", mas você pelo menos sabe o que é uma cota? Você entende a necessidade que um paÃs como o Brasil tem, de tentar, ainda que minimamente, diminuir os danos causados por anos de escravidão a nós, que descendemos de negros e Ãndios? Basta voltar o tempo usando a própria história, não é impossÃvel, você consegue. Enquanto brancos começavam a ser alfabetizados, negros lidavam com a escravidão, posteriormente, com a ausência de um destino certo, pós abolição, quanto tempo foi preciso para conseguirmos alcançar a educação? Muito tempo. Uma educação de qualidade? Talvez não tenhamos alcançado até os dias atuais, mas com isso, não me refiro apenas a negros ou descendentes indÃgenas.
Você branco, sabe o que é alguém te olhar com cara de nojo e se levantar do banco do ônibus, pois você se sentou próximo? A pessoa não levantou porque iria descer ou porque estava cansada de ficar sentada, sim porque você tem a pele diferente da dela. Não? Isso nunca te aconteceu? A mim sim, pois é, essa dor não compartilhamos. Sabe o que é entrar em uma loja de roupa de marca e sofrer deboche da vendedora, insinuar que você não teria como comprar? Pois é, eu sim.
Vivemos em uma sociedade preconceituosa, onde até mesmo os próprios negros são preconceituosos entre si. São preconceituosos com a sua cor, com os seus traços, com a sua história e até mesmo, com o feriado do dia vinte de novembro, o dia de consciência negra. Ouvimos eles dizerem, "não basta ser preto, temos que ter dia também", quando na verdade, a história não é esta e esse feriado, não é para te enaltecer.
Este dia foi feito para que nos lembremos de um homem, chamado Zumbi, Zumbi dos Palmares. Sabe por que? Porque ele foi capaz de fazer o que muitos não fizeram, ele lutou até a morte contra a escravidão. O dia vinte de novembro, é justamente o aniversário de sua morte. Esta pessoa representou luta, força e muita coragem. Ela merecidamente, merece ser lembrada, ainda mais por ter sido a imagem de algo especial, em um paÃs que hoje mais da metade da população é negra ou parda.
Somos alvos de muito preconceito, mas vemos os traços da cultura no povo brasileiro, incluindo o branco que é racista e o negro, que infelizmente, também a racista. Um dos exemplos mais fáceis de citar, são os alimentos, a dança e principalmente, a música. No entanto, o mesmo branco que come um acarajé ou feijoada, é aquele que apedreja alguém pela cor na rua, que faz escândalo em rede social e é contra os direitos humanos. É tanto discurso de ódio, que só consigo ver a ausência de amor ao próximo e principalmente, de respeito. Devemos estar preparados para a realidade do mundo lá fora, onde a democracia racial é linda, no papel, mas não existe de verdade. Precisamos preparar as próximas gerações e ensinar que, o respeito é a chave para qualquer coisa, mas que acima de tudo, precisamos ter coragem para enfrentar a vida, tendo orgulho por ser exatamente quem és e de quem são os seus pais.
ThaÃs Ferreira Santos, dia 20/11/2017.